domingo, 20 de dezembro de 2009

- Salto Grande

1.  Salto Grande do Paranapanema - Salto Grande

1.1. Salto Quebra Canoa

Antigo mapa cartográfico mostra caminhos dos quais se serviram os demandadores dos sertões: bandeirantes, entradistas, religiosos e militares, para exercícios próprios das atividades. Naquele mapa, entre outros condutos, está a rota paulista para as Minas de Cuiabá, com anotação que pelo curso do Paranapanema, desde sua barra no Paraná, até um lugar, rio acima, denominado Salto das Canoas a demora era de vinte dias (AESP, Acervo Digital: Cartografia 325602), onde rudimentar estalagem e lugar para atracagem das embarcações.
Do Salto das Canoas tomava-se a parte terrestre da Peabiru, primeiro margeando o Paranapanema até as proximidades de Avaré, para dali obliquar ao pé da Serra Botucatu e prosseguir caminho a Sorocaba - no mapa referenciada "Essa Villa foi feita cidade por El Rey Felipe 3º para dar-lhe o nome de S. Felipe no tempo de Francisco de Souza Conde do Pardo em 1611"; e daí a São Paulo - Planalto Piratininga, rumo a São Vicente na costa atlântica.
Somente após 1620, com a entrada de Antonio [Campos] Bicudo no alto da Serra Botucatu e os detalhamentos das nascentes do rio Pardo, então 'Capirindiba', se fez atalho comum do trecho ao 'Salto das Canoas', no Paranapanema, também chamado 'Quebra Canoas, Paranan-Itu, Yucumã e Salto do Dourado', em atual município de Salto Grande, a partir de onde a melhor navegabilidade do rio.

Por povos que viveram ou conheceram a região, Paranan-Itu [tupi] e Yucumã [caingangue], são denominações com o significado de Salto Grande.

—Anais da então Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo, para o exercício de 1876, página 248, traz assunto referente ao aproveitamento do rio Paranapanema para navegabilidade, e diz do Salto dos Dourados, em atual município de Salto Grande. (CD: A/A).

O trajeto deslocado da Peabiru subia a Serra até às cabeceiras do rio Pardo e daí a descer acompanhando o seu curso, pelo espigão, para, no atual município de Santa Cruz do Rio Pardo, atravessar o raso do Turvo, abaixo do desague do Alambari, e sair no Paranapanema, onde o salto referenciado.

 Num documento de 1721, o bandeirante candongueiro solicitava Câmara Municipal de São Paulo:

—"(...) autorização para a abertura de um caminho, por terra, ligando o centro da Capitania às minas do Mato Grosso, recém descobertas. (...) O bandeirante, ao declinar o local do início da abertura do que ele mesmo chamou de 'Picadam' diz que seu caminho deveria ser iniciado a partir da ‘ultima povoaçam’, da última vila e, também, a partir do morro do Hibiticatú." (Apud Figueiroa, Revista A História de Botucatu, 2009: nº 4).

Sendo Sorocaba por última vila conhecida, numa época anterior às fundações de Botucatu, Piracicaba e Itapetininga, ainda hoje se desconhece qual a última povoação ditada pelo bandeirante, a partir da Serra de Botucatu. Todavia, de qual maneira for, o destino desde a Serra era o Paranapanema, onde porto e estalagem, o que significava, no mínimo, lugar de pouso ou descanso antes de se enfrentar o rio.

—"Ao fundo, à beira do Paranapanema, um rudimentar porto para as canoas que iam e vinham. Nas instalações, uma espécie de estalagem", para dali se chegar "(...) ao rio Paraná onde instalou três roças de milho, feijão, legumes e deixou 250 bois em uma delas" (Figueiroa, op.cit), a caminho para as minas de Cuiabá.

             

37.4. Salto Grande

Euzebio [Eusebio] da Costa Luz, mandador botucatuense na década de 1840, partícipe bugreiro no bando de José Theodoro de Souza, ocupou terras no Paranapanema, citado em documentos, sem registros de posses diretamente em seu nome:

-'Ribeirão dos Bugres': de Euzebio da Costa Luz alienada a Damazo Barboza de Araujo, o registrador paroquial, entre as barras do Pardo e Ribeirão dos Bugres, parte do atual município de Salto Grande, abrangendo espigão e vertente do Paranapanema paulista (Pupo e Ciaccia, 2005: 228 F 68), divisado com Antonio Bento Alves e Innocencio Vieira da Rocha (AESP: RPT/BTCT nº 295: 102-v). -'Margens do Rio Paranapanema': terras que José da Cruz Pereira, o registrador, adquiriu de Custodio José Monteiro, com divisas naturais/geográficas e João Delgado Leal, João Marianno, José Pinto de Lima e Euzebio da Costa Luz (AESP: RPT/BTCT nº 204: 78-a).

-Margens do Rio Paranapanema': terras que José Francisco Mendonça "houve por posse, há 3 anos, mais ou menos (c. de 1851). Divisando pelo veio da Água com Euzebio da Costa Luz (...) e por cima, na frente do Espigão, com João Mariano." (Pupo e Ciaccia, 2005: 163, E 65).

-'Córrego dos Bugres': no Paranapanema, que Innocencio Vieira da Rocha adquiriu de Ignacio Pereira d’Assis e sua mulher, divisas naturais/geográficas e com herdeiros do finado Felisberto Rodrigues do Valle (AESP: RPT/BTCT nº 305: 108-v).

-Fazenda Santa Thereza: de José Theodoro de Souza, repassada por venda ao major Romão Carlos Nogueira e Joaquim Gomes Nogueira, aos 11 de agosto de 1863. A propriedade principiava na barra do Rio Pardo no Paranapanema (DOSP, 16/06/1908: 1869-1870). 

Para o abrigo e mútua proteção dos primeiros moradores criou-se um bairro rural, que as tradições marcam na propriedade de Euzebio da Costa Luz. Nos anos de 1860, criou-se por lá o Aldeamento Indígena Itacorá, sendo o José Theodoro de Souza o seu diretor (ALESP, 1864, EE64.022).

Maria Antonia Baptista e seu filho Joaquim Antonio Moreira, em 1860 doaram terras para o patrimônio da Nossa Senhora do Patrocínio, intentando a formação de uma 'Capela', que a oficialidade municipal de Salto Grande informa documento transcrito no cartório de Registro de Imóveis de Santa Cruz do Rio Pardo sob o nº 1.193 - informação Prefeitura Municipal de Salto Grande. 

O lugar tornou-se distrito de paz 'Salto Grande do Paranapanema', no município de Santa Cruz do Rio Pardo, pelo Decreto nº 155, de 14 de abril de 1891, e declaradas as suas divisas.

Salto Grande desmembrou-se de Santa Cruz do Rio Pardo, como município, nos termos da Lei nº 1.294, de 27 de dezembro de 1911, e o bairro Ourinhos ficou sob sua jurisdição, assim como parte do território de Chavantes/Irapé.

Por tempos a localidade foi conhecida como Salto Grande do Paranapanema ou Cachoeira dos Dourados, e somente em 1922 - Lei Estadual nº 1887, de 08-10-1922, teve a denominação atual Salto Grande.

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