domingo, 20 de dezembro de 2009

- São João de São Domingos: 'comarca imperial e eclesiástica do último sertão'

1. Ponderações
Cruzeiro provavelmente de 1834/1856, visto em 2017
no cemitério abandonado da extinta Tupá.
Foto de Lorana Harumi Sato Prado
As entranças para o sertão Vale do Paranapanema passavam pelo povoado de São João de São Domingos, que durante uma quinzena de anos foi sentinela e fortaleza do sertão [1835 a 1860], e a manter até 1873 sua importância eclesiástica de todo o rincão adiante.
Com a elevação de Santa Cruz do Rio Pardo à condição de Freguesia, em 1872, e Paróquia no ano seguinte como nova Vigararia, o lugar perdeu a ostentação eclesiástica e civil.
O vilarejo entrou em decadência, aos poucos, perdendo sua importância e teve destino selado com o advento da república, e novos nomes lhe foram dados, até que finalmente Tupá, o qual de tal maneira fundiu-se à denominação primária do lugar, que ainda hoje, embora extinto desde 1938, referenciam-no como São Domingos do Tupá.
Lendas e mistérios cercam o lugar e cativam os historiadores:
—"As verdadeiras origens de Tupá talvez nunca sejam reveladas. Sua memória e sua história estão sepultadas para sempre nos túmulos destruídos e sem registros abandonados naquela gleba no pequeno distrito de Domélia" (Sérgio Fleury Morais, REVISTA DMAIS, Ano 1 n.º 3 – fevereiro de 2004: 11, 'Tupá, Em Busca da Cidade Perdida', encarte Jornal Debate edição nº 1.195).

2. Das antigas lendas
Rego de pedras condutor de águas - técnica jesuítica
adotada em antigas povoações. Acervo SatoPrado 
—'São Domingos, desde os tempos de São João de São Domingos, sempre foi Tupá, com significado de rumorejo d’água que lhe era trazida de um riacho, em canais de pedra, construído pelos padres jesuítas...' 

Dentre as tradições, uma  indicava o local como antigo retiro da Fazenda Jesuíta (1719/1759), com invernadas para criar gados e ranchos para bem servir os trabalhadores e aqueles por ali em trânsito, como os bandeirantes, entradistas, itinerantes e tropeiros. 
A dar crédito aos relatos de antanho, lá seria a ultima povoação da ultima vila [Sorocaba], a partir da Serra de Botucatu, à qual se referiu o célebre bandeirante Bartholomeu Paes de Abreu, em 1721, num documento à Câmara de São Paulo para reivindicar o seu caminho para as 'Minas de Cuiabá'.
Diziam que tal lugar, um bairro rural com característica urbana, fora construído pelos padres, com passagem de água pelo desvio de um riacho, em canal feito em pedras, num rumorejo constante como leve trovejar ou rumorejo, razão do topônimo indígena Tupá, em contraposição a Tupã - forte trovão - associado ao deus cristão pela reverência naturista tupi.
Para os nascidos em 1890, que ouviram as histórias dos mais antigos moradores do lugar, teriam sido os padres, que eles mesmos não conheceram, os construtores daquela obra que lembravam sistemas de abastecimentos de águas para Pedra Ferro e Sobrado, conhecidos bairros rurais da outrora Fazenda Jesuítica em Botucatu.

O pecuarista Henrique Dyna, ex-cartorário de distrito, ao dizer da povoação dos anos de 1930, lembrava em funcionamento aquele canal condutor, todo em pedras, conhecido como 'Água das Pedras' (Debate, nº 1195, encarte Revista D Mais, 2004: 10).

Apesar dos relatos e coincidências, as tradições seriam frágeis para remontar ao século XVIII as origens do lugar. Historicamente não procede e nem a propriedade dos padres chegava a tanto, sequer descia a serra.


3. Resgate histórico - a verdade acerca do lugar
Quando o tropeiro e afazendado Joaquim da Costa e Abreu, em 1834/1835, garantiu aos fazendeiros botucatuenses relativa segurança contra os perigos indígenas no alto da serra, o sertão tornou-se atrativo para posses adiante da serra e nisto, entre outros, aventurou-se o capitão Apiaí - Ignácio Dias Baptista, assenhorando-se de terras de campos e matas desde as cabeceiras do Turvo e entre os rios Claro e Turvinho, e das nascentes e vertentes dos ribeirões São Domingos e Forquilha, até os respectivos despejos no citado Turvo.
Das posses formou fazendas, dentre elas a São Domingos, cuja sede transformada em bairro rural, onde residiam trabalhadores e famílias do lugar e das propriedades adjacentes menores. Dantas (1980: 23) informou: "A primeira povoação a se formar no Oeste foi São Domingos, nas cabeceiras do rio Turvo, por volta de 1835 [...]." 
O capitão Apiaí foi morto em 1838, por índios que atacaram sua fazenda Rio Claro, no alto da serra, e anos depois sua viúva e herdeiros registraram partes das posses herdadas e alienaram outras (AESP: RPT/BTCT).
No ano de 1851, 19 de dezembro, Francisco Dias Baptista, filho de Ignácio Dias Baptista e Flávia Domitila Monteiro, vendeu a São Domingos, com o povoado dentro, aos irmãos Joaquim Manoel de Andrade e Manoel Joaquim de Andrade:
—"Uma fazenda de campos e matas no lugar denominado São Domingos. Principiando na barra do Rio São Domingos, e por este acima, até as cabeceiras, e daqui em rumo a procurar uma Floresta que sai do Ribeirão de Forquilha, e por ela abaixo, até onde faz barra no Turvo, e por este abaixo, até encontrar a barra onde teve princípio esta divisa." (Pupo e Ciaccia, 2005: 136: E-30).
Aos 26 de maio de 1856 promoveu-se o competente registro paroquial das mesmas terras, em nome de João Bernardino da Silveira e dos filhos Joaquim Manoel, Manoel Joaquim e Messias José de Andrade que, a rogo, também assinou pelo pai: "Principiando na barra do Sam Domingos por ella acima até suas cabeceiras, quebrando a esquerda a procurar a agua da floresta, por esta abaixo até o ribeirão da furquilha [Forquilha] por esta abaixo até o turvo, e por este abaixo até a barra do Sam Domingos, onde teve principio esta divisa." (AESP: RPT/BTCT nº 346: 120-a).
O povoado São Domingos, em 1852, estava identificado documentalmente como sede do 12º Quarteirão Eleitoral de Botucatu, o segundo regional maior, com 44 votantes (AESP). Botucatu era o maior. No ano de 1858/1859 estava arrolada a como sede de distrito eleitoral, com oito quarteirões, com cento e setenta e oito eleitores qualificados.
Vizinhos a São Domingos dois outros povoados floresceram, Forquilha no Turvo, e Capivara no Pardo, ambos mencionados como paragens ou invernadas.
Alguns historiadores até entendiam Forquilha e São Domingos um só lugar. Valdeci Correa de Freitas, professor e historiador, no título 'Lucianópolis: sua terra e sua gente', destacou que São Domingos era a mesma localidade conhecida "mais primitivamente por Bairro da Forquilha", na época pertencente a Botucatu (CD: A/A). Foram bairros rurais vizinhos, porém distintos.


3.1. Forquilha - bairro rural que se confundiu com São Domingos
Documentalmente tem-se informações de Forquilha, numa transação de terras em 1845: 
—"Flávia Domitila Monteiro, viúva de Ignácio Dias Baptista, vende a Silvério Gomes dos Reis (...) huns campos denominado Turvo e Mattas adjacentes ao mesmo campo no distrito d’esta Villa de... '(a vila é Itapetininga)'... em Sima da Serra de Botucatu (...), a qual parte sua divisa hé a seguinte = principiará nas cabeceiras do rio Turvo, por este baixo thé o ponto da matta onde se considera adjacente ao mesmo campo e por esta matta adiante thé entestar nas flardas do Serrote, e por este adiante athé a supra dita cabecceira do Turvo; ficando livre e d’esta venda qualquer parte que pertença a Invernada da Furquia" (Pupo e Ciaccia, 1985: 6, documento D 2, Campos do Turvo).
Invernada tinha o significado de paragem, como lugar onde "constroem cabanas perto do local onde pastam os animais (...). Em geral esse nome é dado a locais em que as caravanas param durante algum tempo." (Saint-Hilarie, 1940: 270 [287]), mas também significava ajuntamento de moradias, sede de fazenda ou bairro rural. 
A 'Invernada da Furquia', adequadamente Forquilha, em algum tempo foi bairro rural assentado sobre a sede da fazenda, vista no ano de 1859 como '2º Quarteirão Eleitoral da Freguesia de São Domingos, no Município de Botucatu, com trinta e um eleitores arrolados' (AESP, Ofícios Diversos para Botucatu, Lista Geral dos Votantes da Freguesia de São Domingos Caixa 39 - Pasta 2: 0079). 

3.2. São Domingos - povoação distinta de Forquilha
No ano de 1851, 19 de dezembro, Francisco Dias Baptista, filho de Ignácio Dias Baptista e Flávia Domitila Monteiro, vende aos irmãos Joaquim Manoel de Andrade e Manoel Joaquim de Andrade: 
—"Uma fazenda de campos e matas no lugar denominado São Domingos. Principiando na barra do Rio São Domingos, e por este acima, até as cabeceiras, e daqui em rumo a procurar uma Floresta que sai do Ribeirão de Forquilha, e por ela abaixo, até onde faz barra no Turvo, e por este abaixo, até encontrar a barra onde teve princípio esta divisa." (Pupo e Ciaccia, 2005: 136: E-30).
São Domingos, como povoação, inseria-se nessa propriedade. "A primeira povoação a se formar no Oeste foi São Domingos, nas cabeceiras do rio Turvo, por volta de 1835 e elevada a freguesia em 1855" (Dantas, 1980: 23); errado quanto a segunda parte, pois a condição de freguesia foi dada a São Domingos aos 20 de abril de 1858, pela Lei Provincial nº 27.
São Domingos, em 1852, identificava-se como sede do 12º Quarteirão Eleitoral de Botucatu, o segundo regional maior, com 44 votantes (Pupo e Ciaccia, 2005: 97-103). Em 1859, como sede eleitoral, dispunha de oito quarteirões, com cento e setenta e oito eleitores qualificados.

4. São João de São Domingos - a primeira paróquia sertaneja
Foto do último templo católico de Tupá, já sem o sino importado

Aos 18 de fevereiro de 1856 a Igreja elevou o povoado de São Domingos, onde erigida a matriz, à condição de paróquia, sob o nome São João de São Domingos, para atendimento às capelas [povoações] que se formavam adiante, entre os rios Tietê e o Paranapanema.

Dois anos depois, o Governo da Província de São Paulo conferia ao lugar a condição de freguesia - reconhecimento civil, pela Lei Provincial nº 27, de 20 de abril de 1858, sob o nome de São Domingos, mencionado nos assentos eclesiais como São João de São Domingos, quando não apenas São Domingos.  

A Igreja concedera a São Domingos a circunscrição eclesiástica regional, ou seja, 'cabeça de sertão' para os povoados que surgiam, enquanto o Estado assegurava-lhe a administração civil como instituição oficial para transcrição de atos, fatos, títulos e documentos, dando-lhes autenticidade e força legal de prevalecer contra terceiros, com garantias de reconhecimentos pelas instituições brasileiras.
Junqueira ufanou-se a respeito do lugar: "São Domingos ou Tupá ostentara, por meados do século XIX, o status de Comarca Imperial e Eclesiástica." (2006: 37). 
Cópias e transcrições de documentos civis e religiosos produzidos em São Domingos, período de 1856 a 1938, nenhum traz o título "Comarca Imperial e Eclesiástica", apenas 'Freguezia de S. Domingos' ou 'Districto de Tupá', todavia, em algum tempo o lugar exerceu preeminência e jurisdição religiosa sobre as capelas nascentes no sertão, e foi sede civil, na antiga forma de relações entre Igreja e Estado.

4.1. Reverendo Padre Andrea Barra - o religioso pioneiro no sertão
O religioso napolitano, padre Andrea Barra (Correio Mercantil, 14/07/1859: 4), aportuguesado André Barra, foi o primeiro pároco da vigararia de São Domingos, entre "18/02/1856 a 13/09/1870" (Oliveira Zanoni, 1976: 61), e, em igual período capelão para as localidades formandas, 'Turvo, São Pedro e Lençóes', à mesma maneira Santa Cruz do Rio Pardo, nesta, conforme constatações em registros eclesiais, a partir de novembro de 1862 até setembro 1870, e depois prosseguida pelo sucessor, o português Padre Francisco José Serodio.
Apenas recentemente se tem melhor arrazoado sobre o padre Andre Barra, pelos autores, revelando algumas ocorrências em sua atividade religiosa no sertão.
Desse padre napolitano, sabe-se de sua chegada a São Domingos, em fevereiro de 1856, e o início do exercício religioso, como padre encomendado, vigário forâneo, o primeiro do sertão adiante de Botucatu.
Aparentemente tratava-se de homem opinioso e interesseiro, sem ressalvas quanto ao massacre indígena causado pelo bandeirismo de José Theodoro de Souza, Padre André Barra atestou o cabecilha, na pretensão em criar e dirigir aldeamento indígena em Salto Grande, como: "(...) um cidadão prestante, sendo civilizado e religioso, tendo coadjuvado no que está ao seu alcance o culto de nossa Santa Religião, como seja as capelas de São Pedro e São João. Além disso, imprime nos ânimos dos indígenas os mistérios da fé católica, fazendo com que eles batizem seus filhos."
E, no mesmo documento, reafirmava as qualidades de Theodoro: "Homem filantrópico, sempre pronto a acolher seu próximo necessitado, doando de suas terras cultivadas e proporcionando trabalho àqueles que precisam, como atualmente está fazendo com vinte e tantos indígenas grandes e pequenos em sua fazenda nas margens do rio Novo" (ALESP, EE 64.22.8). 
Padre Barra também era intransigente. Em 1862 criou sério problema com o fazendeiro e padre licenciado, João Domingos Figueira, não lhe dando autorização para batizar e casar católicos na povoação de Santa Cruz do Rio Pardo. Figueira então escreveu ao Bispado de São Paulo, informando sobre a povoação surgente, com 100 alqueires de terreno doado ao patrimônio, capela construída e ainda não autorizada para celebrações religiosas, e, por fim, denunciou o colega:
—"Esta Capella dista de São Domingos quatorse leguas, o Vigº bastante inpolitico negou-me todas as licenças para baptisados e casamentos, talves julgando que o privaria de seus emulumentos. Estes habitantes tendo entre si um padre vio-se na dura necessidade, com incommodos innauditos hirem para S. Domingos e dispesas imcompativeis, subscrivendo cotas para o vigario ir, ao lugar, e assim mesmo, não hia se não por, contribuição espantoza, como fosse a benção do cemiterio q. exigio oitenta mil reis dizendo que era a licença, quando a provisão q tenho de cemiterio para minha fazenda importou hum mil duzentos e oitenta. Senhor esta capella não foi benta e para esse fim requeiro a V. Ex. faculdade para mim ou outro sacerdote de confiança sua. Assim mais a ereção de pia Baptismal. V. Ex. que em todos os actos de sua sublime administração tem apresentado amor paternal, caridade, e desinteresse. Eu em nome daquellas ovelhas submissas do seu grandioso rebanho supplicamos serem atendidas. 
Eu, e aquelles ficamos rogando a Deos pela conservação de sua vida apreciavel para ingrandecimento das almas por isso. 
Ilegivel". 
—(ACMSP, Documentos Diversos Santa Cruz do Rio Pardo, CD: A/A).
Já citado, aos 17 de outubro de 1862, o padre Andrea Barra adquiriu de José Botelho de Souza, por 500 mil réis, uma escrava por nome Rosa [Roza], idade de três anos (Livro de Escrituras nº 1, fls. 72-v/73v, de São Domingos, transcrição pelo Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais e Tabelionato de Notas de Águas de Santa Bárbara, cópia gentileza de Luiz José Botelho).
Oficialmente, a pedido da Diretoria Geral dos Índios, em janeiro de 1864 padre Barra foi nomeado vigário encomendado para a Freguesia de São João Batista da Faxina, tomando posse aos 30 de agosto de 1864 (Correio Paulistano, 06/10/1864: 1), e , concomitante, designado capelão para o aldeamento indígena próximo, por ato do governo da província paulista, publicação oficial de 12/12/1864, mediante pagamento de gratificação anual no valor de 600$000 (Correio Paulistano, 28/12/1864: 1), pagos antecipadamente.
Barra não teve escrúpulos em receber o dinheiro total para em seguida abandonar a paróquia de São João Batista [da Faxina] e o aldeamento, retornando para São Domingos:
—"Ao Director Geral dos Indios. - Pelo officio que v.ex. me dirigiu em data de 10 do corrente sob n. 12 fiquei sciente de que o padre André Barra, vigario da freguezia de S. João Baptista e capellão do aldeamento do mesmo nome, ha muito ausentou-se d'alli para a freguezia S. Domingos, sem deixar pessoa que o substituisse nas funcções de capellão." (Correio Paulistano, 28/02/1865: 1). 
Como se nenhuma gravidade cometida, Padre Barra, em São Domingos, continuou a receber côngruas do Governo, por ser estrangeiro (Correio Paulistano, 07/07/1865: 1, ordem de pagamento de 28 de junho do mesmo ano). Confirmava-se a insinuação do Padre Figueira, que Barra era dinheirista.
Apesar do desfalque dado na Diretoria Geral dos Índios, recebendo por atividades não prestadas, e sua rebeldia em não cumprir ordens superiores, o Ministro do Império, em 1867, oficiou ao bispado da Diocese de São Paulo a aprovação da nomeação de padre Andre Barra, autorizado para o exercício de seu trabalho no Brasil, na condição de estrangeiro (Correio Paulistano, 24/08/1867: 1), com despacho igual no ano de 1869, de acordo com a publicação oficial no Correio Paulistano de 10/08/1869: 1.
Em janeiro de 1870, comunicou-se renovação da licença para o padre permanecer no Brasil: "ao vigario foraneo da comarca de S. Domingos, pelo mesmo prazo [um ano] a favor de rvd. André Barra." (Correio Paulistano, 18/01/1870: 2).
Quando da pretensão em elevar a Capela de São Pedro à condição de Freguesia, Padre Barra foi contra, conforme seu manifesto de 19 de março de 1870: "(...) a Capella de São Pedro não pode ser elevada a Freguezia porque seu pessoal , e a falta de Igreja não permittem sua elevação", e ainda diria "informo mais que este lugar (São Pedro) ha uma Igreja de vinte poucos palmos, e não há um numero de almas sufficentes para Freguezia." (ALESP, EE. 72.15.8-9).
São Pedro dos Campos Novos, depois São Pedro do Turvo, perderia a oportunidade em se tornar Freguesia, sem a culpa de Barra, e sim por erro político administrativo, que elevou "á categoria de Freguezia, com a invocação de Santa Cruz do Rio Pardo, a Capella de São Pedro no municipio de Lençóes" (Lei Provincial nº 71, de 20 de abril de 1872, Legislação Provincial de São Paulo, 1835-1889).
Aos 24 de maio de 1870, um atentado contra o vigário em São Domingos: 
—"O padre responsável pela paróquia era Andrêa Barra uma pessoa respeitada e querida por todos. Aquela época a figura do padre era de imensa importância a ponto de raramente se tomar alguma decisão sem seu conselho, o que o tornava uma figura familiar e suas visitas nos lares comuns e freqüentes" (Garbulio, 2010: 2). 
Mas não pensou assim o João, alcunhado Italiano, quando encontrou o padre em sua residência, o feriu a golpes de faca, superficial, evadindo-se do local (RG, BN 1012, 1870/1871: 120). Os argumentos e testemunhos a favor, Barra continuou à frente da vigararia, e a Câmara Eclesiástica do Bispado de São Paulo, em ato de 23 de julho de 1870, renovou provisão por mais um ano (Diário de São Paulo, 29/07/1870: 2). 
No mês de setembro, de 1870, João, o Italiano, retornou para novamente atentar contra a vida do padre Barra, desta feita com tiro fatal. O criminoso foi preso e o processo lançado em "Crimes Notáveis da Província de São Paulo" (RG, U 1117, 1870/1870: 5). 
O Diário de São Paulo, edição de 16 de novembro de 1870, trouxe a mesma referência; e a malícia sertaneja transformou o caso em crime passional, e tradições lembram:
—"Ouve-se um disparo de arma de fogo. Populares que estavam próximos ao local correm até a residência e pasmam com o acontecido, o padre Andrêa Barra está morto. O italiano alega motivos pacionais [sic]. (...). O desabafo de outro padre vindo de uma outra localidade mudaria para sempre o destino de Tupá. Não seria abençoado por Deus um lugar em que um padre é assassinado. Daí por diante todos os acontecimentos negativos de Tupá eram atribuidos ao episódio e o desabafo do padre visto como profecia. As familias amedrontadas começaram então a se mudar de Tupá de maneira que em pouco tempo o lugar parecia uma cidade fantasma. Aos poucos as casas de madeira iam sendo removidas e a extinção de Tupá estava decretada" (Garbulio, 2010: 2).

4.2. São Domingos e o sertão pós-morte do padre Andrea Barra 
O altar da Matriz de São João em São Domingos - peça com
motivos indígenas, preservado no Museu de Agudos - SP

Com o acontecido ao padre Barra o sertão ficou sem padre efetivo, não conhecido nenhum clérigo interino ou visitador apresentado, quando aos 08 de janeiro de 1872 notada a presença do missionário polonês padre Antonio Zielinski, em passagem pela Capela de Santa Cruz do Rio Pardo, tempo comprovado em expedientes religiosos até 07 de abril de 1872, convivendo por alguns dias com o nomeado capelão santa-cruzense, padre João Domingos Figueira.

O padre polonês Zielinski deixara sua terra natal quando do fracassado Levante de Janeiro de 1861, dos polônios contra o regime tzarista russo, refugiando-se no México junto às tropas do austríaco arquiduque Ferdynando Maximiliano Habsburgo - 'Imperador do México', fugindo Zielinski para o Texas - EUA, em seguida à queda do aventureiro Maximiliano. Perseguido em território norte-americano, o padre usufruiu da simpatia de D. Pedro II para abrigar-se no Brasil, em Santa Catarina, no ano de 1867. No hiato de sua biografia conhecida, chegou a Santa Cruz do Rio Pardo, ao sentir-se ameaçado no sul brasileiro por agentes estrangeiros, após sofrer atentado. Tornou-se conhecido como 'o padre que fugia' (Cristo Rei, 2010: 1).

—Zielinski permaneceria em Santa Cruz até 07 de abril de 1872, mesmo com a presença do padre Francisco José Serôdio, português, que assumiu a titularidade da vigararia de São Domingos, como vigário forâneo, aos 15 de março de 1872. 

O padre Francisco José Serodio, nascido português, trinta anos de idade, assumiu a titularidade da Vara de São João de Domingos, aos 15 de março de 1872, nomeado pela Câmara Eclesiástica, expediente de 13/14 publicado aos 20 de novembro de 1872 (Diário de São Paulo: 1); com Carta de Provisão de 21/22 de janeiro de 1873 (Diário de São Paulo, 23/01/1873: 1) e teve autorização do Ministério do Império, por Ato de 14 e publicado aos 23 de março de 1873 (Correio Paulistano: 2). O novo vigário resumiu sua posse em São Domingos, numa carta/declaração em livro de registros da Igreja - "cuja parede da frente estava ameaçando ruinas", apresentando a localidade na época:

—"Achei a dita egreija, que já era freguezia á mais de dez annos, pauperrima de paramentos de tudo finalmente, nem castiçais no altar. Eram garrafas que serviam de castiçais (...). Era um sertão sem recursos, tinha 12 casas, cobertas e assoalhadas só 4 o resto não tinha soalhos. A freguesia de São Domingos nesse tempo era um lugar no extremo Oeste de São Paulo, que estava em sertão sem comodidades algumas".

O relato de Serodio informa inclusive Botucatu:

—"(...) que era cabeça desta grande comarca Sertaneja não tinha hotel; tinha naquella esquina onde he hotel Areias uma venda do pae desse malvado assassino chamado Deoguinho que tava somido he o que diz um antigo portuguez ...? Não tinha uma única pharmacia nem .........? nem rua.......? não tinha médico algum formado, justiça era só dr. Juiz de Direito dr. Machadinho, vindo de Itapetininga até promotor era nomeado na hora, rábula, advogado era só Dr Bernardo que era da terra, muito ruim e muito orgulhoso de sabichão e um mestre escola pública um tal Cel. Cananéia que era chefe político do Partido Conservador e a mulher professora pública como tudo e Botucatu. São Domingos 15 de março de 1872, (assinado) O vigário Padre Francisco José Seródio" (ACMS / SGU - D: 101_0667 e 101_0668).

O Padre Serodio tinha coadjutores conhecidos, Décio Chefatto em São Pedro do Turvo e João Domingos Figueira em Santa Cruz do Rio Pardo, este assumindo as funções aos 31 de março de 1872.  


5. São Domingos - contexto histórico-político
Considerando critérios demográficos e termos de competências, avocados politicamente pela província paulista, a localidade de São Domingos foi classificada à condição civil de distrito em 20 de abril de 1858, pela lei n.º 626, subordinando-se administrativa e politicamente à Vila de Botucatu.
A partir de 1859 São Domingos teve intensa participação na política regional, com formação administrativa e competências administrativas.
Dinâmica, a localidade possuiu subdelegacia, Guarda-Nacional e realizou eleições representativas, e teve cartórios e forte comércio, quando o sertão ganhava tamanho e população e lá eram feitos os ajustes.
A paróquia tinha sustentação pelo Governo Provincial:
—"Ao Collector de Botucatú - O inspector do thesouro provincial, tendo por despacho de hoje mandado satisfazer por este thesouro ao vigario encommendado de S. Domingos, Padre André Barra, os guisamentos correspondentes ao semestre de Julho a Dezembro do anno findo, assim o communica ao sr. collector de Botucatú para seu conhecimento e governo" (Correio Paulistano, 01/07/1864: 2). Se em 1862 lhe foi negada uma Agência Postal, como igualmente o foi para Lençóis, contudo desde 1858 suas correspondências eram entregues na vila de Botucatu a cada dez dias, embora o próprio serviço em Botucatu fosse alvo de denúncias como extravios de cartas, violações e pouco zelo (Donato, 1985: 123). 
Ainda no ano de 1862 a Câmara de Botucatu destinou a São Domingos uma importância em dinheiro para reparos da estrada e uma das pontes, justificando aquela via de rolamento como importante para o comércio da região (Donato, 1985: 139). 
A freguesia de São Domingos teve eleições para juiz de paz, inclusive uma [anulada] para o quadriênio de 1865 a 1868, relatada por Donato (1985: 90-91). 
No ano de 1868 o tamanho político administrativo de Botucatu precisou ser descentralizado, e São Domingos teve a transferência de sua subordinação civil para Lençóis Paulista, aos 17 de abril, pela Lei Provincial nº 056.
Sem tempo para adaptações de São Domingos junto à nova sede, a Assembleia Provincial de São Paulo autorizou pela lei nº 35, de 19 de julho de 1868, que o governo transferisse a sede de distrito de São Domingos para "as margens do rio Pardo", texto bastante vago, porém se sabe Santa Bárbara do Rio Pardo [Águas de Santa Bárbara]. 
A Câmara de Lençóis, em 1870, designou São Domingos como freguesia, embora o Quadro da Divisão Civil, Judiciária e Eclesiástica da Província de São Paulo, de 1873, classificada como vila integrante da Comarca de Botucatu (Macedo, 1873: 255). São Domingos já não passava de distrito de Lençóis.
De acordo com o Censo Oficial de 1872 de 1º de agosto, na Província de São Paulo concluído aos 30 de janeiro de 1874, a população de São Domingos era de 3.629 pessoas livres, sendo 2004 homens e 1625 mulheres, e 116 escravos - 64 masculinos e 52 femininos, com maior número de cidadãos livres que a Paróquia de Santa Cruz do Rio Pardo (Apud Fernandes, 2003: 14-15), à qual vinculada São Pedro do Turvo.
Documentos do Conselho de Qualificação e Reclamação da Guarda Nacional e do Conselho de Revisão, Botucatu, de 1872/1873, em Arquivos do Estado (Donato, 1985: 126), atesta que São Domingos teve Guarda Nacional.
Outra referência eleitoral, de 1873, classifica a localidade como integrante do '5º Distrito Eleitoral de Botucatu', com três colégios, enquanto a própria sede mantinha seis daqueles conjuntos.

5.1. Atritos indígenas em São Domingos

Antigas lembranças ditam a presença de uma aldeia Oti-xavante nas proximidades de São Domingos, em pacífica convivência com os brancos e possuía até um cemitério separado dos brancos.

Segundo Henrique Dyna, ex-cartorário e morador em Tupá [São Domingos], a pouca distância do povoado existia um cemitério dos índios Xavante, sem precisar exatamente desde quando (Revista D Mais, Ano 1 n.º 3 - fevereiro de 2004: 10, 'Tupá, Em Busca da Cidade Perdida', encarte Jornal Debate edição nº 1.195).

Índios e brancos protegiam-se. Ainda assim a história relata pelo menos dois problema dos moradores com ataques indígenas, aparentemente de outra etnia.

O primeiro, por volta de 1859: "[Quando] foi salteada pelos índios a freguesia de S. Domingos; mas os moradores repeliram-nos, obrigando-os a abandonar na fuga diversos objetos, muitos dos quais tinham sido roubados" (Tidei Lima, 1978: 72, por fonte o Ministério dos Negócios do Império, em Relatório da Repartição Geral das Terras Públicas, Rio de Janeiro, 1859).

Em 1864, o subdelegado de polícia de São Domingos, José Rodrigues de Oliveira Couto, em ofício datado de 20/11/1864 ao Presidente da Província de São Paulo, com cópia à Diretoria Geraldo dos Índios, comunicava "o assassinato de uma família atacada por índios na região da Freguesia de São Domingos."

Certamente muitas outras ocorrências, mas as referências não são específicas para o lugar propriamente dito, e sim acontecimentos dentro da imensa territorialidade de São Domingos de então.

—"Contam os mais antigos que certa vez, talvez no final do século XIX, um grupo de agricultores resolveu tomar as terras indígenas e partiu para enfrentar os índios na região do rio Lambari, perto de Caporanga. Houve uma grande batalha e os índios venceram: pelo menos dois carros de boi voltaram carregados de defuntos." (Henrique Dyna, em entrevista para a Revista D Mais, op.cit, 2004: 10).
A região atualmente seria para Santa Cruz do Rio Pardo.
No ano de 1865 relatado ao Presidente da Província de São Paulo, consequências de ataques firmados para Santa Cruz do Rio Pardo, ainda subordinada a São Domingos:
—"(...) faça sentir ao governo, ao exm. presidente a necessidade de fazer-se alguma cousa a fim de conter as sanguinarias paixões de tão desalmados indios que não encontram embaraços em sua desastrosa marcha. Agora os amigos e parentes das victimas que em Santa Cruz cahirão aos golpes funestos d'esses selvagens, começam sua vingança tambem de sangue..." (Correio Paulistano, edição de 27/09/1865: 2).
Os corpos das vítimas teriam sido transportados em carro de boi para sepultamentos em São Domingos (Nava Sobreiro, Nossa Bauru (...), 2012: 2ª parte).
Isto se aproxima de relato acima, de Henrique Dyna.  


6. A decadência de São Domingos

Com o ato da emancipação política e religiosa para Santa Cruz do Rio Pardo, efetivada aos 13 de janeiro de 1873, São Domingos perdeu importância junto às povoações do Vale Paranapanema até então exercida.
Também o Padre Serôdio contribuiu para o declínio de São Domingos. Encarregado pela Diocese de São Paulo para as novas demarcações da Freguesia, o padre sugeriu, requereu e teve autorização para transferir a sede de São Domingos para Lençóis Paulista.
—O periódico Omnibus havia publicado os enganos do padre Francisco José Serodio, um dinheirista, intentado em abandonar São Domingos ou lhe diminuir sua importância. O padre encontrou nomes que lhe foram solidários, e um deles, escreveu ao jornal 'O Vinte Dous de Maio' (08/01/1873: 4) que o vigário era homem honesto e que se dedicava a São Domingos, tanto que recusara oferta melhor para paroquiar em Santo Antonio da Jacutinga. O missivista relata as dificuldades encontradas pelo padre em seu início como pároco em São Domingos, precisando comprar até o mínimo necessário para a Igreja. Louvou, por fim, que o padre era amigo de importantes nomes locais, citando o coronel Francisco Dias Baptista, o capitão Pedro Dias Baptista e o fazendeiro Justino Carneiro Giraldes, homens probos e ricos.
Trecho atribuído à antiga estrada de São Domingos - 
Tupá - ligação de Botucatu ao Paranapanema
Crédito  Celso Prado, 2017
—O escritor não conhecia mesmo o Serodio, que tanto se empenhara, nos bastidores, em transferir a vigararia de São Domingos para Lençóes [Lençóis Paulista], e lhe retirar as repartições públicas a favor de Santa Bárbara do Rio Pardo. Outro engano do colunista, Serodio era sim dinheirista, homem ávido por terras e riquezas, que viria se transformar num dos maiores latifundiários do sertão, com mais de cem mil alqueires de terras quase todas griladas, e não mediu escrúpulos em defende-las.  
No azo dos acontecimentos de 1873, resolveu-se, afinal, para qual lugar 'as margens do Pardo' iria a sede 'civil' do distrito, dúvida deixada pela Lei nº. 35, de 19 de julho de 1868. Agora a Lei nº 41, de 16 de abril de 1874, não permitindo segunda interpretação, "transferiu a sede desta Freguezia [São Domingos] para Capella de Santa Barbara do Rio Pardo" (Divisão Administrativa e Divisas Municipais do Estado de São Paulo, 1908: 139).  
São Domingos, eclesialmente, feita filial de Santa Cruz do Rio Pardo que se tornara Comarca Eclesiástica em 1877. 
A República deu o fim civil a São Domingos, e a população quase toda acorreu para Santa Bárbara do Rio Pardo, a nova sede, para onde carregados os arquivos cartoriais (Nogueira Cobra, 1923: 58), ficando o antigo lugar rebaixado à relesa de 'Distrito de Paz', pelo conceito republicano (Decreto Estadual nº 182, de 29/05/1891), nominado São João de São Domingos, com o Cartório de Paz e a Agencia Fiscal vinculados à nova jurisdição. 
Quase uma década depois, de acordo com a Lei Estadual 756 de 17 publicada aos 21 de novembro de 1900: "O districto de paz e policial de São João de São Domingos, do municipio de Lençóes, passa a denominar-se São João da Floresta" (DOSP, 21/11/1900: 1).  
A nova denominação não durou e São João da Floresta tornou-se Tupá, pela lei nº 975 de 20 de Dezembro de 1905 (Divisas Municipais do Estado de São Paulo, 1908: 139), e o tamanho territorial compreendia, em 1909: 
—"Partindo do ribeirão do Campo, em sua confluência com o Turvo, em rumo direito à cabeceira das Antas, seguem até o cume da Serra dos Agudos e seguirão sempre pela serra cercando todas as vertentes do ribeirão do Turvo, até encontrar as cabeceiras do Guache e deste ponto, em rumo direito, à confluência do ribeirão do Campo com o Turvo, ponto de partida e terminal destas divisas" (Divisão Administrativa e Divisas Municipais do Estado de São Paulo, 1908: 140). 
A localidade já não representava importância alguma quando a lei nº 1.494, de 29/12/1915, estabeleceu-lhe novas divisas administrativas, e o transferiu, como Distrito de Paz de Tupá, do Município de Lençóis para o de Agudos (IBGE: Divisas Administrativas de 1915), situação mantida nas divisões territoriais de 1933, e à mesma maneira em 31 de dezembro de 1936 e 31 de dezembro de 1937, bem como no quadro anexo ao Decreto-Lei Estadual nº 9.073, de 31 de março de 1938. 
Finalmente, o Decreto Estadual 9.775, de 30 de novembro de 1938, o extinguiu e seu território integrado ao distrito de Agudos, homônimo do município, e o Cartório de Paz e Agência Fiscal transferidos para a nova sede.  

O cruzeiro no cemitério abandonado - um dos 
últimos vestígios de São Domingos - Tupá
Foto: Lorana Harumi Sato Prado


7. Do que restou de São Domingos - Tupá
De São Domingos - Tupá, nenhuma lembrança de seu passado, à exceção do cemitério em ruínas, onde o velho cruzeiro, agora restaurado [2017], no qual os símbolos de frente 'um coração martirizado, a âncora e a cruz'.
Na parte posterior do cruzeiros as inscrições Z.B.Z. com pontos finais entre duas cruzes; a letra I. com ponto final, entre cruzes, e, após a cruz, as letras seguidas dos mesmos sinais gráficos B.F.Z.G.F.F.S. 
Após consultas deu-se a interpretação, não oficial e nem especializada, para tais inscrições, observadas a representatividade do local e  o nível de intelectualidade das então famílias sertanejas:
—'Z.B.Z.' = 'Zeta Betha Zeta', sendo Z por última ou final, Bethe - casa, e Z - por última ou final, para o significado de sepulcrário, lugar de sepulturas, cemitério ou 'a última morada [final]'.
—'I' = existir, ser, derivar.

Representação das inscrições no costado do
cruzeiro de S. Domingos. Foto Jornalista Aurélio Alonso  
Jornal da Cidade - Bauru

—'BFZG' = o caminho de vida ou boa conduta, sendo, B – Bethe – [Casa], F – Phi [Filosofia], Z – Zeta [morte - vida o fim] e G – Gama [entre dois extremos, no interior da qual são classificadas conforme seu tamanho, valor, duração].

—'FFS' = [Família, Fraterno e Si]. 
—'Cruz' -  símbolo da cruz significa Jesus, ou sob a proteção Dele.
Considerando a época - meado do século XIX - e a quem dirigida mensagem, para avaliações, esta seria a tradução mais apropriada:'A última morada terrena para aqueles que, em Jesus Cristo, viveram o bem para a família, os irmãos [fraternos no sentido de próximos] e consigo mesmo'. 
Cumpre registro, no entanto, que João Zanata Neto, bancário e escritor santa-cruzense, expôs outra versão respeitada e citando embasamentos para sua conclusão: "E a proteção de Jesus abençoou a família e seus filhos de boa-fé e benevolência", ou "E a proteção de Jesus abençoou de boa-fé e benevolência a família sepultada."(http://www.debatenews.com.br/2017/08/21/coluna-de-joao-zanata-neto-edicao-de-20082017/).
Os autores consultaram diversos estudiosos sobre o assunto, e nenhum deles apresentou interpretação definitiva a respeito do real significado das iniciais inscritas no costado do cruzeiro de São João de São Domingos - Tupá, assim, ainda, a permanecer o mistério.
—Talvez uma inscrição aleatória, por alguém, cujo significado se perdeu no tempo. 

7.1. Adendos - fotos das inscrições e símbolos no antigo cruzeiro em São Domingos - Tupá
Já expostos os significados, abaixo algumas fotos com letras da inscrição original - parte de trás -  no Cruzeiro de São Domingos - Tupá. (Créditos: Espaço Histórico Plínio Machado Cardia - Museu em Agudos-SP).










Abaixo, foto destaque do 'coração martirizado com a cruz e âncora', na parte anterior do Cruzeiro em São Domingos - Tupá. (Créditos: Espaço Histórico Plínio Machado Cardia - Museu em Agudos-SP).
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