domingo, 20 de dezembro de 2009

As primeiras povoações sertanejas - introdução

1. Do último rincão paulista incivilizado
AESP/BTCT - P 1_0268
Entre os rios Tietê e Paranapanema, desde a descida da Serra de Botucatu às barrancas do Rio Paraná, a ocupação sertaneja de 1850/1851 deu surgimento aos primeiros núcleos habitacionais, sempre escolhido local salubre, com boas fontes de água, de melhor defesa contra os perigos indígenas, geralmente entre fazendas pioneiras, território neutro doado ou permitido por fazendeiros interessados em manter em segurança as famílias de empregados e as próprias, guardados por bugreiros.

Os núcleos distanciavam-se um do outro em torno de uma jornada normal de caminhada, para a época, entre quatro a seis léguas, respeitadas peculiaridades de caminhos para se chegar ao melhor lugar. 

Os primeiros bairros levantados com este propósito ou originados das sedes de grandes fazendas que se transformaram em Capelas - menor povoação oficialmente reconhecida, com território rural, algumas chegando a Freguesias, Vilas e Cidades, hoje sedes administrativas de municípios.

O estudo a seguir lista os principais núcleos populacionais, a partir de Botucatu, a primeira grande sede para todo o sertão, de onde as primeiras Capelas, ainda no século XIX, que foram referências e causadoras do progresso, com tudo de bom e ruim, do último rincão incivilizado paulista.

Botucatu pertencia à Vila de Itapetininga, com emancipação político-administrativa em 1855, para formar território próprio, como sede de todo o sertão paulista da época. 

Antes os documentos diziam "no município da Vila de Itapetininga, desta província de São Paulo", por exemplo, em 1852, na descrição de doação de terras aos patrimônios de São João e São Pedro - atual São Pedro do Turvo, por José Theodoro de Souza e sua mulher Francisca Leite da Silva (Cartório de Paz da Freguesia de São João da Boa Vista do Jaguari - atual São João da Boa Vista, apud Campanhole, 1985: 148-150).

São Domingos, "12º Quarteirão Eleitoral de Botucatu", em 1852, já como sede de todo o sertão, para, no ano de 1856, tornar-se a primeira paróquia eclesiástica, na descentralização inaugural da vigararia botucatuense.

De São Domingos, feito freguesia, em 1859 elevaram-se as Capelas, de Lençóis [Paulista] e São Pedro [do Turvo], classificação civil como distritos; em 1862 a de Santa Cruz do Rio Pardo; além das localidades diretamente vinculadas a Botucatu, como exemplos Avaré, Pratânia e São Manuel.

Em 1873 Santa Cruz do Rio Pardo tornou-se referência de todo o dito 'Sertão do Paranapanema', desde Piraju; Lençóis Paulista, já antes, abrangendo territórios de Espírito Santo do Turvo, Bauru [ainda Fortaleza] e Agudos, ao Rio Tietê; Avaré para as regiões de Cerqueira Cesar, São Berto - atual distrito de Manduri, Santa Bárbara do Rio Pardo e Itatinga.

Depois disto as subdivisões, as administrativas com formações de novas freguesias, vilas e municípios; as judiciais - Comarcas e Termos; e as eclesiásticas, com as paróquias classificadas.

Tempo das oficialidades, político-administrativas, judiciárias e eclesiásticas, e, todo o sertão ganhou oficialidade a partir da formação da Comarca de Botucatu, tendo por Termo Lençóis Paulista, depois elevada a Comarca autônoma, ficando Santa Cruz por seu Termo para o sertão adiante.

Num primeiro momento da divisão jurídica em Comarcas, Avaré - desde Santa Bárbara do Rio Pardo até Itatinga, Pardinho, São Manuel e Pratânia, foram classificadas junto a Botucatu.

Ressaltam os autores quanto as divergências entre os documentos e as tradições, quanto a alguns dos fundadores das primeiras cidades sertanejas, bem como das origens, pelos desbravadores, e datas de fundações.

A despeito dos documentos oficiais apresentados e citados pelos autores, para os capítulos a seguir, tais não visam discutir a realidade que se esconde na história da formação de cada lugar, nem estabelecer 'oficialidades', respeitadas sempre as tradições formadas e as 'verdades estabelecidas'. Para cada lugar expressado, apenas os principais e mais antigos núcleos de povoações, um capítulo próprio.

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