—Francisco de Paula Moraes, genro de José Theodoro de Souza esteve entre os primeiros 'donos' de terras em Santa Cruz, comprovado por documento de venda de terras ao capitalista José da Costa Allemão Coimbra, tido autêntico e juntado ao processo da legalização de posse (DOSP, 18/06/1909: 4310-4311).
A Manoel Francisco Soares coube porção de terras
compreendidas entre o Pardo e Turvo santa-cruzenses, abrangendo as então
fazendas pioneiras Santa Cruz - no Pardo, São Domingos, Crissiumal e, já no
Turvo, a Jacutinga. Iniciou domínio no Turvo para depois fixar arrancho no pontal
Pardo/São Domingos, tratando-se de lugar entendido salubre, com boa fonte de
água, além de estratégico para os proprietários e trabalhadores nas fazendas
adjacentes, servindo como melhor local de moradias, e onde as travessias
fluviais mais fáceis.
A sede da fazenda Santa Cruz foi o núcleo onde o marco inicial urbano santacruzense, na região do chafariz, e trazia o nome Bairro Santa Cruz, citado em assento batismal lavrado na matriz de São João de São Domingos, aos 25 de junho de 1857, de:
—"André, filho legitimo de Antonio Rodrigues de Moraes e Ana Apparecida da Conceição, da freguezia de Campestre, da Provincia de Minas Gerais, que residem no bairro de Santa Cruz. Forão padrinhos Jose Manoel de Andrade e Dona Maria da Conceição" (Igreja Católica/SGU, SCR. Pardo, 1856/1884).
O arraial, no entanto, antecede as divisões de 1855 promovidas por Soares, considerando que a preparação de fazendas postas a vendas demandava cerca de quatro ou cinco anos para as dimensões, demarcações, aberturas de caminhos e as derrubadas de matas, bem como o imediato arrancho para o abrigo e segurança dos empregados.
O bairro Santa Cruz foi apenas mais um dentre os surgentes na região, entre os anos 1851/1862, conforme o avanço sertanejo, todavia lhe dado destaque regional em 1858/1859 classificado como o 7º Quarteirão de Eleitores do Rio Pardo, para a freguesia de São Domingos, no município de Botucatu.
1.1. Os patrimônios que formaram a cidade
Duas doações patrimoniais para a Santa Cruz e Santo
Antonio, nos anos de 1861/1862 e 1868 respectivamente, foram fundamentais para
a formação do povoado.
1.1.1. Santa Cruz
—"Capella de Santa Cruz do Rio Pardo – Não consta escritura alguma com referencia ao patrimonio daquela Capella, mas pelos papeis existentes na Câmara Eclesiástica, sabe-se que o patrimonio da referida capella foi feito por Manoel Francisco Soares, que doou em 1861 ou 1862, uns terrenos cujas divisas acham-se compreendidas entre o ribeirão de S. Domingos, principiando na confluência deste ribeirão com o rio Pardo, de um vallo, que vai do mesmo ribeirão ao rio Pardo, e deste à mesma confluencia, onde tiveram principio e fim" (ACMSP, Relatório dos Bens Imóveis da Diocese de São Paulo de 1904: 55-56, documento resgatado por Lorana Harumi Sato Prado).—O Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo traz a mesma informação, em matéria assinada por Cavalheiro Freire, Inspetor Diocesano (Correio Paulistano, 24/abril/1941: 5 - Cappelas do Estado de S. Paulo). O autor trata-se do Padre Inspetor Diocesano Paulo Aurisol Cavalheiro Freire.
Documentos resgatados
junto a Cúria Diocesana de Ourinhos mostram as comprovações da Igreja, em 1893,
sobre a posse das terras doadas por Soares ao Patrimônio da Santa Cruz, desde
1861/1862, onde instalada a povoação (Documentos Avulsos para Santa Cruz do Rio
Pardo).
O padre João Domingos Figueira, morador do lugar desde 1861, confirmou em carta de 1864: "O patrimonio doado tem sem [sic] alqueires, mais ou menos, terreno proprio para grande povoação, agua pelo alto com abundancia, apresenta este logar um futuro risonho" (ACMSP, Documentos avulsos para Santa Cruz do Rio Pardo, cópia, cortesia de José Carlos Pereira de Souza).
1.2. Formação da Capela Santa Cruz do Rio Pardo
A mesma crônica aponta a presença do padre João Domingos Figueira, fazendeiro residente no denominado Bairro Santa Cruz, vizinho de Manoel Francisco Soares (Almanach da Provincia de S. Paulo, 1887: 542), sendo este o doador de terrenos para o patrimônio da Santa Cruz, em 1861/1862, nos quais o padre pôs-se a trabalhar para a formação urbana, com o rossio e ereção de templo religioso, permitindo a elevação do bairro à condição de Capela, identificada Santa Cruz do Rio Pardo, jurisdicionada à Freguesia de São Domingos, no município de Botucatu.
Ausente qualquer expediente anterior de oficialização, aos 23 de novembro de
1862 o povoado teve sua primeira identificação conhecida, como Santa Cruz do Rio Pardo num ofício expedido pela Câmara Municipal de Botucatu à Presidência da Província de São Paulo:
—"Ha neste Municipio sette Igreijas, a Matriz desta Villa, a de Lençois, a de São Domingos, da Piedade do Rio do Peixe, a de Santa Crus do Rio Pardo, da Santa dos Remedios no Tiete, e a do Rio Novo, as treis primeiras pouco tem sido auxiliada pelo Governo, e as ultimas mais pequenas porem decentes e feitas a custa dos fieis, pelo que V.Exa. colligera que neste Município o povo he religiozo o que sertamente satisfara ao Governo de V.Exa. para assim ajudal-los" (DAESP/BTCT, Documentos: Ofícios Diversos).
Aos 25 de novembro de 1862, também a Igreja reconheceria o lugar como Capela Santa Cruz, no registro de batismo de Maria:
—"(...). Na Capela filial de Santa Crus Baptizei pus santos oleo na inosente Maria de idade de tres mes filha legitima de Mizial [e] Rozalia, Escravo do Padre João Domingos Figueira, forão padrinhos Jose Peres das Chagas e Maria Inosencia da Conceição (...) - Padre Andrea Barra" (Igreja Católica/SGU, 1859/1879).
Padre Figueira, referindo-se a Santa Cruz do Rio Pardo dos anos de 1862, descreveu-a como:
—"(...) nova povoação cujo povo bem dedicado ao servisso de Deos e da Igreja com minha estada de dois annos fes se uma Capella môr, forrada, assoalhada, com Prezbiterio, altar, trono, sacrário, e retabulo. O patrimonio doado é de 100 alqueires já conta com 18 a 20 fogões no arraial. A afluencia do povo é immensa" (ACMSP, Pasta de Documentos Avulsos para Santa Cruz do Rio Pardo, cópia, cortesia de José Carlos Pereira de Souza).
O edifício sacro construído pelo padre Figueira, ou
às suas ordens, situou-se onde parte dos fundos do atual templo São Sebastião -
praça Dr. Pedro Cesar Sampaio, construção de 1862, com as medidas de 40 por 60
palmos, equivalendo a 8,80 metros de frente por 13,20 de fundos, e que
necessitou, apenas, de pequenos reparos para servir de igreja matriz, em 1873
(Cúria Diocesana de Ourinhos, Documentos para Santa Cruz do Rio Pardo, Processo
para elevação de Freguesia Canônica, 28/12/1872).
1.3. Freguesia
Na condição de freguesia, em cumprimento ao dispositivo da Lei nº 71, de 20 de abril de 1872, fez-se o primeiro registro oficial de divisas para Santa Cruz do Rio Pardo, descrito em documento da Câmara Municipal de Lençóis Paulista, Sessão Legislativa de 26 de outubro de 1872, encaminhado ao Governo da Província, e assim estabelecido:
—"Principiando-se no rio Alambary, no logar chamado dos Cardosos, procuram o espigão e por este abaixo até frontear o ribeirão de Santa Clara. E por este ribeirão acima até ultimas cabeceiras e d’aqui, o rumo, ao rio Pardo por entre as terras de Manoel Baptista e Antonio de Oliveira Marinho e por estas, a rumo, até o rio Paranapanema, divisando sempre com a Freguezia de S. Domingos e pelo lado opposto com o sertão."
—"Aos que esta Provisão virem, saúde e paz para sempre em o Senhor.Tendo a Assembleia Legislativa Provincial por lei n. 71 de 20 d’abril de 1872 elevado à Cathegoria de Freguesia (Paróquia) esta Capella de Santa Cruz do Rio Pardo do Município de Lençóis, e attendendo ao que me representou Joaquim Antonio da Silva por parte do povo d’aquele lugar, hei por bem pela presente confirmar como por esta Provisão confirmo, erijo e canonicamente instituo aquella Freguesia na forma do Sagrado Concílio Tridentino, concedendo-lhe todos os direitos, privilégios, honras, insígnias distinções que lhe pertencem como Egreja Parochial, que de hoje em diante fica sendo, vigorando as mesmas divisas pelo que diz respeito a Estolla, que pelo Poder civil lhe foram dadas. Esta será publicada à estação da Missa Conventual dum dia festivo e registrada no livro do Tombo da Matriz para a todo tempo constar. Dada na Câmara Episcopal de S. Paulo, sob meu signal e sellos das armas, aos 13 de janeiro de 1873." (Debate, 16/01/2005, apresentação pelo Frei Lourenço Maria Papin).
—"Artigo 1º - A Freguezia de Santa Cruz do Rio Pardo, do município de Lençóes, fica elevada à Villa, a que ficará pertencendo a Freguezia de São Pedro do Turvo.§ 1º - As divisas da nova Villa serão as actuaes.Artigo 2º - O Governo reverá e corrigirá opportunamente as divisas entre as duas Parochias de Santa Cruz do Rio Pardo e São Pedro do Turvo, tendo em vista as informações que lhe prestar a Câmara da nova Villa."
A administração da vila, conforme legislação, seria exercida pela Câmara de Vereadores, com mandato de quatro anos, e elegíveis e votantes todos os cidadãos, alfabetizados ou não, residentes no município nos dois anos anteriores aos pleitos, desde que contassem renda anual igual ou superior a 200 mil réis.
Caso o eleitor ou postulante a cargo eletivo fosse acatólico ou estrangeiro naturalizado, então necessitava de alfabetização, além da renda exigida.
O território urbano santa-cruzense pertencia aos patrimônios da Santa Cruz e do Santo Antonio, portanto à Igreja, e seria doravante administrado pela Câmara, mantendo-se os aforamentos e reservados os direitos sobre o cemitério, exclusivamente católico.
A passagem de freguesia à vila consolidou-se através das eleições de 1876, para a 'Câmara de Vereadores e Juizado de Paz', mandatos 1877/1880.
Documento oficial de 1878 informando Manoel Francisco Soares com idade de 83 anos ([D]AESP, Qualificação Eleitoral para Santa Cruz do Rio Pardo, 1878: 3 - gentileza do acervista Geraldo Vieira Martins Junior), ratifica, implicitamente, seu nascimento ao redor volta de 1795, talvez em Aiuruoca - MG, filho de Athanazio Soares e Joanna Maria de Chaves, casados em Aiuruoca - MG aos 15 de junho de 1871 (Livro de Matrimônios 1760/1779: 72-73), ele filho de Francisco Soares de Aguiar e Antonia Rodrigues do Lago, ela filha natural de Izabel de Chaves, sendo a Izabel filha do "Faustino de Chaves [Leme] bastardo e da sua mulher Pascoa [Paschoa] de Flores preta forra" sem interesses para o presente trabalho, pois, já no campo das genealogias, e, ainda, a merecer melhores aprofundamentos.
— O livro de assento batismal de Aiuruoca, para os anos de 1794/1796, não consta no acervo eclesial atual - 2021 - disponibilizado para consultas (https://www.familysearch.org/pt/), o que impede saber se lá nasceu ou não o Manoel Francisco Soares, todavia, em registro de 12 de agosto de 1816, na mesma Aiuruoca, consta o óbito de Joanna Maria de Chaves, já viúva de Athanazio Soares de Aguiar, classificada, por informação, como septuagenária (Livro de Óbitos, 1808/1835: 79), embora, mais corretamente, idade em torno de 60 anos.
—Cumpre o registro do nascimento/batismo de Manoel, filho do casal Athanazio e Joanna, batizado em Aiuruoca aos 25 de setembro de 1779 (Livro 1760/1793: 51), certamente falecido na primeira infância, de tal modo o mesmo nome dado a outro filho gerado anos depois - 1794/1795.
-Maria, batizada em Capela de São Bento de Campo Alegre - Lavras, ao 1º de novembro de 1819 (Livro 1805/1829: 221); dela, nada se sabe no sertão.-Ritta Porcina de Senne: batizada aos 15 de fevereiro de 1821, em Rio Verde (Eclesial, Livro Índice de Batismos, Campanha/Santo Antonio, MG, 1813/1824: 333), sendo padrinhos Miguel Justino do Espírito Santo e Anna Ignacia de Lima, tidos avós pelo lado materno. Ritta casou-se com José dos Santos Coitinho, em Caconde - SP, aos 20/11/1843 (ABRASP, 1839/1863, Rolo 6: 35/36) sendo este o casal doador de terrenos ao Patrimônio de Santo Antonio, em 1868, incorporado à formação de Santa Cruz do Rio Pardo.-Antonio Francisco Soares: nascido por volta de 1823, casado com Anna Lauriana Vieira, aos 23 de fevereiro de 1846 (Eclesial, Silvianópolis - MG, Matrimônios: 1842/1873: 29).-Joaquim José Soares, nascido por volta do ano de 1826, casado com Maria Antonia da Luz, em data de 29 de julho de 1847 (Eclesial, Matrimônios, Silvianópolis - MG, 1842/1873: 34). Segundo Leoni (1979: 5) o Joaquim mudou-se com sua numerosa família para a região de Conceição de Monte Alegre - atual Paraguaçu Paulista.-Justino Soares: nascido por volta de 1828, casado com Antonia Maria dos Sanctos, aos 02 de dezembro de 1850 (Eclesial, Matrimônios, Araraquara - SP, 1842/1865: 39).-Pedro Francisco Soares: nascido aos 17 de novembro e batizado aos 02 de dezembro do ano de 1830, em Silvianópolis - MG (Eclesial, 1800/1835: 67). Não teve história conhecida no sertão, porém sabe-se do seu filho, Joaquim Tito Soares, nascido em 1871, eleitor em 1904 (Livro Eleitoral - Resumo dos eleitores das Seções Federais, Santa Cruz do Rio Pardo, 1904).-Anna Porcina de Senne: nascida aos 22 de junho e batizada aos 22 de julho de 1832 (Eclesial, Livro de Batismos, Silvianópolis, MG, 1800/1835: 82), casada com José Domingos ou Domingues de Chaves, em São Bento de Araraquara, em 04 de fevereiro de 1851 (Eclesial, Livro 1842/1865: 40). Anna, já viúva, faleceu em Santa Cruz do Rio Pardo, aos 21 de outubro de 1896 (Eclesial, SCR.Pardo, Óbitos Livro 1883/1897: 48).-Francisco Soares, já citado, nascido aos 08 de dezembro de 1833, e batizado em 01 de janeiro de 1834 (Eclesial, Livro de Batismos, Silvianópolis - MG, 1800/1835: 103), casado com Hipolita Maria de Jesus (Eclesial, Batismos, Botucatu 1856/1859: 80, a 04/09/1858, no batismo de José, filho de Antonio Francisco Soares e Anna - referências registro 1537).-Joaquina: nascida aos 30 de junho e batizada aos 14 de julho de 1835 (Eclesial, Silvianópolis - MG, Livro: 1797/1837: 7), conhecida no sertão pelos nascimentos das filhas, Anna, os 08/01/1857 e batizada aos 09/03/1857 (Eclesial, Botucatu, Batismos Livro 1856/59: 21), e Prudencianna, batizada em São Domingos, aos 20 de novembro de 1862, idade de 04 meses (Eclesial, Santa Cruz do Rio Pardo - SP, 1859/1879: 192), ambas as crianças filhas de pai incógnito.
—Antonia Maria e José Domingos eram irmãos, filhos de José Francisco Chaves e Joaquina Maria dos Santos, também pioneiros em Santa Cruz do Rio Pardo.
—No quadro de eleitores figura certo "José Francisco Soares, casado, 31 anos", tido pelas tradições sobrinho do pioneiro, mas nenhum documento ainda localizado, referência 2020, que possa assim atestá-lo.
-o-
*Documentos oficiais levantados aos 19 de setembro de 2021 determinaram a correção parcial da biografia de Manoel Francisco Soares.
-o-
—'Padre Colado' tinha a mesma condição de funcionário público, inclusive com ingresso através de concurso.
—"Vinte e dois annos de continuada perseguição nesta Freguezia, è motivo mais que sufficiente para renunciar, pela segunda vez, o beneficio de Nossa Senhora da Assumpção de Cabo Verde, onde por infelicidade sou collado (...)." (ACMSP, Autos de Renúncia de Benefícios - Paróquia de Cabo Verde, MG, 1858: 15/03, apud padre dr. Hiansen: 2012 - Documentos de Arquivos).
—'Cura' era o padre responsável por um 'Curato', ou seja, uma 'Capela' já em condições para se tornar Paróquia.
—Aos de 02 de julho de 1873 num expediente ao governo paulista, Figueira confirmaria sua presença na região desde 1861, "conhecedor destes lugares, onde habito á doze anos" (ALESP, EE 73_27.1).
—"Os habitantes de Santa Cruz do Rio-Pardo filial de Sam Domingos termo de Botucatu, encarregando-me como seu procurador. Dois anos habitei entre elles, neste tempo erigio-se huma capella mór com presbiteryo, altar sacraico, throno retabulo, forrada, assoalhada, com corredores dos lados o mesmo e sachristia. O patrimonio doado tem sem alqueires, mais ou menos, terreno proprio para grande povoação, agua pelo alto com abundancia, apresenta este logar um futuro risonho. A afluencia de povo de todas as partes é immensa. As divisas combinadas com os moradores, e as mais apropriadas devem ser: Principiando na foz do rio Pardo com o Paranapanema, subindo este até frontiar em linha reta com o ribeiro Santa Clara, descendo este a entrar no Turvo, descendo este athe onde principiou a divisa.Esta Capella dista de S. Domingos quatorse leguas, o vigario bastante inpolitico negou-me todas as licenças para baptisados e casamentos, talves julgando que o privaria de seus emulumentos. Estes habitantes tendo entre si um padre vio-se na dura necessidade, com incommodos innauditos hirem para S. Domingos e dispesas imcompativeis, subscrivendo cotas para o vigario ir, ao lugar, e assim mesmo, não hia se não por, contribuição espantoza, como fosse a benção do cemiterio q. exigio oitenta mil reis dizendo que era a licença, quando a provisão q tenho de cemiterio para minha fazenda importou hum mil duzentos e oitenta.Senhor esta capella não foi benta e para esse fim requeiro a V. Ex. faculdade para mim ou outro sacerdote de confiança sua. Assim mais a ereção de pia Baptismal. V. Ex. que em todos os actos de sua sublime administração tem apresentado amor paternal, caridade, e desinteresse. Eu em nome daquellas ovelhas submissas do seu grandioso rebanho supplicamos serem atendidas.Eu, e aquelles ficamos rogando a Deos pela conservação de sua vida apreciavel para ingrandecimento das almas por isso.Ilegivel-." (ACMSP, Documentos Diversos para Santa Cruz do Rio Pardo).
—"Ao exm. bispo diocesano – Passo ás mãos de v.ex. o incluso officio em que o padre João Domingos Figueira dá parte de achar-se a freguezia do Bom Successo desprovida de parocho para que v.ex. se digne tomar este objecto na consideração, que julgar conveniente." (Correio Paulistano, 16/04 1863: 3).
—"Com magoa levo ao conhecimento de S.Ex.Rev. o que se tem passado neste infeliz lugar há 6 mezes. Convidarão-me para vir ao lugar e fazer meus contratos, estive hum mez ... -me a que fizesse minha mudança, propuz condições acceitarão, e um lugar onde empregasse os cativos, tudo foi franqueado; porem a peçonha do Hydra estava encerrada nas viceras do depravado que me convidou para este lugar por nome Fernando, este homem é quem afiançava, porem logo q. aqui cheguei portou-se diferente, negando-se ao seu lado, só passado tres mezes, depois de varios desgostos afiançou porem a 10 de Fevereiro quando completava seis mezes ... que os parias não querião mais minha continuação como vigario: não podem elles justificar faltas só sim a 10 de Fevereiro não dei cinca porque não achei palma benta no lugar que elles chamão Igreja, não achei theribulo, no acto ... ... não havia vinho pa. a Missa, e no dia dois ... . No dia dois de Novembro p.p. tambem esse senhor feudal sentio-se porque não o esperei e ... quando quisesse ... são as faltas q. elles o ligão. Em vista do acontecido tenho de regressar para minha fazenda em Sta. Cruz do Rio Pardo, onde fico esperando as determinações de V.Ex. dirigindo-se p. Botucatu. Ainda que quizesse continuar-se pelos emulumentos estes são tão limitados que não dá para o café, Missas neste lugar não há, tudo he mizeria.V.Ex.Rº atendendo ao expendido asseitará minha dimessão, não me nego a servir a Deos e á Igreja, e em Sta. Cruz existe uma nova povoação cujo povo bem dedicado ao servisso de Deos e da Igreja com minha estada de dois annos fosse uma Capella môr, forrada, assoalhada, com Prezbiterio, altar, trono, sacrario, e retabulo. O patrimonio doado é de 100 alqueires já conta com 18 a 20 fogões no arraial. A afluencia do povo é imensa.Deos G. a V.Ex. Revª - muitos annos. Bom Sucesso - 13 de Fevereiro de 1864.O V. João Domingos Figueira" (ACMSP, Documentos Diversos para Santa Cruz do Rio Pardo).
—"(...) no anno de 1867, nesta Matriz, o Revdo. Pde João Domingos Figueira baptizou José, de poucos dias, filho legítimo de Francisco Theodoro de Souza e Maria Magdalena de São José, foram padrinhos José Botelho de Souza e Lina Honória de São José." (Eclesial, SCR. Pardo, 1873/1896; 150).
—"Com 69 annos em Santa Cruz do Rio-Pardo, falleceu o revd. vigario padre João Domingues Figueira, primeiro povoador daquella villa.Deu Liberdade a trinta escravos, e fez diversos legados pios.Era um verdadeiro apostolo do bem, pelo que os seus parochianos muito sentirão a sua morte."
—Convidarão-me para vir ao lugar e fazer meus contratos, estive hum mez ...-me a que fizesse minha mudança, propuz condições acceitarão, e um lugar onde empregasse os cativos, tudo foi franqueado (ACMSP, Documentos Diversos para Santa Cruz do Rio Pardo).
-João Bonifácio Figueira, nascido por volta de 1850, casado com Maria das Dores de São José [família Botelho], residente em Santa Cruz do Rio Pardo. Após a morte do padre batizou o filho Arlindo com o sobrenome Ornellas Figueira, e, desde então a identificar-se, publicamente, como filho do padre (Alistamento Geral dos Eleitores Federais – SCR. Pardo, 1902: 9).-Benvinda Carolina do Espírito Santo, casada com Manoel Gomes Nogueira, residente em Caconde - SP.-Mariana Rosa do Amor Divino, casada com Luiz Antonio Rodrigues, residente em Santa Cruz do Rio Pardo.-Maria Innocencia da Conceição, casada com José Joaquim Gomes, residente em Santa Cruz do Rio Pardo.-José Chrisante [Chrisostomo] Figueira, casado com Umbelina Rosa de Jesus, no batizado da filha Virgilina, aos 27 de março de 1878 (ACMSP - SCR.Pardo, Batismos 1872/1879: 89-90); consorciado em segunda núpcias com Amélia Maria de Lima (ACMSP - SCR.Pardo, Matrimônio Livro 1893/1900: 66), residente em Santa Cruz do Rio Pardo. Adotou o nome José Baptista Figueira, após a morte do padre.-Antonio Emilio Figueira, viúvo de Maria da Conceição casou-se em segunda núpcias com Gabriela Sabina de Jesus, (SCR.Pardo, matrimônios Livro 1893-1900: 5), residente em Santa Cruz do Rio Pardo, adotando o nome de Antonio Baptista Figueira, após o óbito do padre.-Rozalia de tal, escravizada, inclusa no rol de herdeiros do padre, residente em Santa Cruz do Rio Pardo.
—Durante algum tempo Maria [Bernardina] foi confundida com a homônima filha da escrava Rozalia, do plantel do padre Figueira, por se confundir como nome composto materno 'Mizael Rozalia', quando, em verdade, o casal 'Miguel e Rozalia' (Batismos Livro 1859/1879: 191).
—Da Maria Bernardina, em outubro de 2020 localizado o documento de seu batismo na localidade de Santa Cruz do Rio Pardo, ocorrido aos 15 de outubro de 1861, idade de vinte dias, filha de Maria Neves de Jesus, pai ignorado, sendo padrinhos José Pereira de Lima e Anna Bernardina de Jesus (Livro 1859/1879: 89), a comprovar os antigos relatos dos Pereira Lima.
—José Baptista, filho de Antonio Baptista [ou Emilio] Figueira e Gabriella Joaquina [ou Sabina] de Jesus, nascido aos 05 de fevereiro de 1894 (assento eclesial) registrado civilmente aos 22/10/1928, traz os avós maternos, porém, ignorados os paternos (Cartório de Registro Civil - SCR. Pardo - SP, Nascimentos, Livro A-32 fls. 9 nº 628 - 05/02/1894 registrado em 22/10/1928).
—A filha Benvinda Carolina do Espírito Santo, foi casada com Manoel Gomes Nogueira, com o qual residente em Caconde - SP (Records Preservation - Livro de Batismos, 1858/1867: 515-516, do filho Olympio aos 09/09/1855; e no mesmo livro, às páginas 516, o batismo da filha Lina aos 30/05/1857); do casal, ainda, um filho por nome Antonio, falecido em Caconde - SP, aos 19 de dezembro de 1884, idade de 25 anos. Não localizado o assento matrimonial de Benvinda e Manoel, e no óbito dela não revelado os pais.
—O sobrenome Ornellas que João Bonifácio deu ao filho Arlindo poderia ser homenagem aos 'Figueira Ornellas - do casal Manoel Lopes Figueira Ornellas e Eduarda Julia de Barros', vindos de Portugal para Cabo Verde - MG, na década de 1840, parentes diretos do padre João Domingos Figueira.—Manoel Lopes Figueira Ornellas e Eduarda Julia de Barros chegaram ao Brasil nos anos 1840, com os filhos conhecidos: Elias Lopes Figueira Ornellas, João Lopes Figueira Ornellas, Joanna Julia de Barros - ou Figueira Ornelas e Jacintha Julia de Barros ou Figueira Ornellas"Todos falecidos e sepultados no cemitério municipal de Cabo Verde, à exceção de Jacintha que casou-se e foi residir em Santa Cruz do Rio Pardo, SP, onde faleceu." (Da 'Folha de Cabo Verde' de 30/10/91 - nº 24, apud Adilson de Carvalho, 'A Freguesia de Nossa Senhora da Assumpção do Cabo Verde e sua História, 1998: 370), sem a revelação, e, nada localizado, de quem seria o marido de Jacintha.
—Mera especulação, por qual outra razão seria, senão o sobrenome Ornellas, estranho aos Figueira 'santa-cruzenses', na pessoa de um neto?
—O Antonio sobreviveu sua segunda mulher, Gabriella, morta aos 21 e sepultada aos 22 de junho de 1926, idade de 48 anos (Prefeitura Municipal - Cadastro/Óbitos 09/10/1918 - 23/08/1989: 2.678); o seu óbito ocorreu aos 30 de outubro de 1928, filho de pais ignorados (Cartório de Registro Civil de Santa Cruz do Rio Pardo, Livro C-18, fls. 188, nº 283). São notados seus filhos, como exemplos, o João Baptista Figueira, falecido aos 13 e sepultado aos 14 de julho de 1950, idade de 65 anos (Prefeitura Municipal - Cadastro/Óbitos 09/10/1918 - 23/08/1989: 16.554), portanto do primeiro matrimônio do pai, e o José Baptista Figueira, que nasceu do segundo leito nupcial, aos 05 de fevereiro de 1894 - civilmente registrado aos 22/10/1928 em Santa Cruz do Rio Pardo (Cartório do Registro Civil, Livro A-32, fls. 7, nº 628), sem identificações dos avós paternos.
—Jeremias, após a morte do padre Figueira, adotou os sobrenomes Figueira Baptista, assim observado em 17 de junho de 1880, no batismo de Rozalina, nascida livre dos escravos Sebastião e Maria Crioula, ambos do finado padre e ainda continuavam nesta situação (Livro de Batismos, 1873/1896: 44). Jeremias também conhecido pelo sobrenome Baptista Figueira, não foi enquadrado herdeiro legatário do reverendo, evidentemente por não filiação biológica do padre.
—Dos livros dos assentos eclesiais de Cabo Verde - MG, o de número oito desapareceu nos tempos do padre Figueira por lá vigário colado. Consulta noutro livro de registros eclesiais do lugar, o entre os anos 1809/1859: 55 em diante, constam assentos feitos posteriormente às pessoas interessadas, por informações comprovadas por testemunhos, estranhamente coincidente com o período que nasceram os mineiros cabo-verdenses - os primeiros legatários do reverendo, e, alguns, até, provavelmente se casaram na localidade.
—À exceção sobre a Batistinha, quando e onde aquelas mães faleceram ou findaram seus relacionamentos com o pai de seus filhos? Se elas se conheceram algum dia, cientes daquilo que cada uma representava na vida do padre?
—Onde calados os documentos nada se pode historicamente pressupor, por mais atiçadores que sejam os segredos que apenas o padre e Rozalia conheciam, segredos estes que jamais serão revelados.
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Foto atribuída a Joaquim Manoel de Andrade - domínio público - |
— São os seus irmãos e irmãs conhecidos:- Floriana Maria de Jesus: Pouso Alegre-MG, LB 1825/1825: 95; e LM 1832/1856: 47;- João Bernardino Silveira: Airuoca-MG LM 1787/1814: 246;- Joaquina Maria de Jesus: Pouso Alegre-MG LM 1832/1856: 38;- José: Aiuruoca-MG LB 1808/1816: 156;- Manoel Joaquim de Andrade: LM 1832/1856: 29;- Maria ...: Aiuruoca-MG LB 1808/1816: 103;- Marianna Esméria de Jesus: Pouso Alegre-MG LB 1815/1823: 94; e LM 1832/1856: 34;- Messias José de Andrade: Pouso Alegre-MG LM 1832/1856: 11.
-Maria (Batismo: São João da Boa Vista, LB 1833/1858: 134, aos 04/04/1847 - Records Preservation);-Bernardino (Batismo: São João da Boa Vista, LB 1833/1858: 159, aos 02/04/1849 - Records Preservation);-José (Batismo: São João da Boa Vista, LB 1833/1858: 181, aos 24/04/1851 - Records Preservation);-Manoel (Batismo: Botucatu, LB 1849/1856: 54, aos 30/07/1853, idade de seis meses - Family Search);-Theodora (Batismo: Botucatu, LB 1856/1859: 81, aos 04/09/1858, idade de seis meses - Family Search);-Joaquim (Batismo: São Domingos, LB 1859/1879: 68, 05/02/1860, idade de 20 dias - Family Search);
Certidão Eclesial de Casamento do Joaquim Manoel de
Andrade e Umbelina Ferreira do Nascimento-Antonio (Batismo: São Domingos, LB 1859/1879: 85, aos 01/09/1861, idade de oito dias) - Family Search;-João (Alistamento Eleitoral: SCR.Pardo, ano 1890, nascido por volta 1862);-Silvestre (Matrimônio: SCR.Pardo aos 31/10/1891, nascido por volta de 1868);-Pedro (Alistamento Eleitoral: SCR. Pardo, ano de 1891, nascimento 1869);-Benedito (Batismo: SCR. Pardo, LB 1872/1879: 11, aos 26/01/1873, idade de cinco meses - Family Search).-Thereza (Batismo: SCR Pardo, nascimento em 1875).
– (Blog, atualizações 2020).